"Um especial de Natal tão errado que só podia ser do Porta dos Fundos”


Cristãos têm promovido boicote à Netflix após a plataforma de streaming lançar mais um filme polêmico produzido pelo Porta dos Fundos. Lançado no dia 3 de dezembro, A Primeira Tentação de Cristo sugere uma relação homossexual entre Jesus e Satanás e põe Deus, Maria e José como um triângulo amoroso.
Espírita, o ator Carlos Vereza detonou o grupo em suas redes sociais. Ele acusou a trupe de Porchat e companhia de debochar da fé cristã e os chamou de idiotas pretensiosos.
A Primeira Tentação de Cristo foi lançada uma semana após o grupo vencer o Emmy Internacional com o filme Se Beber, Não Ceia. Lançada no ano passado, a produção teve repúdio por parte dos religiosos ao fazer uma paródia da última Ceia de Cristo, interpretado por Fábio Porchat.

Vice-presidente da União dos Juristas Católicos de São Paulo (UJUCASP), o advogado Paulo Henrique Cremoneze classifica as duas obras como algo desrespeitoso, agressivo e que tangencia a fronteira tênue da intolerância religiosa. Ele afirma que a liberdade de expressão não é salvo conduto para abusos e atos blasfemos, moralmente condenáveis e absolutamente desrespeitosos.


– Uma garantia constitucional não pode jamais ferir outra. A atitude do Porta dos Fundos fere a liberdade religiosa e deforma profundamente o autêntico conceito de arte. Os cristãos de todas as confissões devem se unir em defesa dos valores fundamentais da fé e expor seu veemente repúdio ao filme, ao Porta dos Fundos e a própria Netflix.
O filme sugere uma relação homossexual entre Jesus e Satanás e põe Deus, Maria e José como um triângulo amoroso

Paulo Henrique ainda aconselha os cristãos a exporem seu descontentamento e até mesmo a boicotarem a Netflix e demais empresas que têm os humoristas como garotos propaganda. Ele acredita que a Verdade deve ser defendida e o respeito ao sagrado deve ser preservado.
– Não sei se a atitude horrível, blasfema e ofensiva do Porta dos Fundos configurou algum crime e se o Ministério Público, fiscal da lei e grande advogado da sociedade, poderá processar seus protagonistas, mas sei que a sociedade organizada tem o dever de externar seu descontentamento e os católicos, protestantes e ortodoxos de exigir respeito a fé cristã.
Presidente da Religious Freedom Business Foundation, empresa que atua há quatro anos resolvendo problemas causados por restrições e hostilidades religiosas, o advogado Ricardo Cerqueira Leite ressalta que a Constituição assegura o direito à liberdade religiosa. A partir do momento em que uma obra dita de arte ofende a crença de outras pessoas, existe um excesso que ofende a tradição do país.

– O Brasil é um povo de maioria cristã e a obra ofende essa crença porque os princípios e os valores pregados e ensinados pelo Cristianismo não estão alinhados com essa prática. Há, naturalmente, por trás de uma ideia de um direito de liberdade de expressão, uma ofensa muito grave aos costumes cristãos. Por isso, entendo que se trata sim de um ato de intolerância religiosa travestido de liberdade de expressão.
Cerqueira esclarece que o Ministério Público tem titularidade para propor uma ação civil pública e pode requerer a retirada do filme e a proibição de sua exibição fundado no elemento intolerância.
– Não podemos ignorar o fato de que o Brasil é um país cristão e sua história e fundação estão vinculadas ao Cristianismo. A partir do momento que esses valores são ridicularizados ou colocados num contexto de possível ridicularização, entendo que há ofensa.
Em um dos trechos do filme, Jesus aparece tomando chá alucinógeno e se questionando sobre sua própria missão na terra
Em um texto publicado no portal Coalizão pelo Evangelho, o pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro Imperial, na cidade do Rio de Janeiro, Joel Theodoro, classificou o conteúdo do grupo liderado por Fábio Porchat e Gregório Duvivier como um humor “morbidamente ácido com respeito a temas do Cristianismo”.
– Ao passarem de alocadores a produtores ou coprodutores de vídeos que zombam claramente da fé alheia, especialmente de Cristo, os serviços deixaram de ser compatíveis comigo e minha casa, uma vez que entendo que a verba mensal que pago representa parte da verba utilizada nesse projeto. Um cristão passaria, então, de cliente com reservas a patrocinador da desfaçatez com que trataram a fé cristã – escreveu o pastor.


A divulgação feita nas redes sociais do Porta dos Fundos faz uso de passagens bíblicas de forma distorcida. Uma delas diz “Não cobiçarás a mulher do próximo. Mas se fordes Deus, cobiçareis sim”. Em um dos trechos do filme, Jesus – interpretado por Duvivier – aparece tomando chá alucinógeno e se questionando sobre sua própria missão na terra. O pastor Renato Vargens, sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro, disse que o Porta dos Fundos já passou dos limites há muito tempo e os acusou de blasfema contra Cristo de forma acintosa.
– O grupo composto por esquerdistas adora falar em tolerância, contudo, são os primeiros a destilarem ódio e zombaria para com os cristãos. Senão bastasse isso, essa companhia de humor tem cometido repetidamente crime de vilipêndio a fé, previsto no Artigo 208 do código penal. Portanto, diante o desrespeito para com a religião alheia, espero que o Ministério Público se posicione contra esses senhores. Digo mais, o que esse grupo de comediantes fez e faz, nunca foi e jamais será liberdade de expressão. Antes pelo contrário, isso é crime e precisa ser punido com o rigor da lei – declarou ao Pleno.News.
Nas suas redes sociais, Porta dos Fundos faz uso de passagens bíblicas, como: “Não cobiçarás a mulher do próximo. Mas se fordes Deus, cobiçareis sim
A pastora Helena Raquel, da Assembleia de Deus Vida na Palavra, em Queimados, na cidade do Rio de Janeiro, acredita que a ofensa à religião precisa ser considerada e observada como intolerância. Ela critica o grupo por violar e ridicularizar os sentimentos da comunidade cristã.
– Se as autoridades não se atentarem para tal manifestação de intolerância travestida de humor, corremos o sério risco de perdermos um dos mais belos traços da nossa gente brasileira em relação aos outros países do mundo: a capacidade de conviver harmoniosamente com as diferenças. Cabe a nós como cidadãos cobrarmos dos nossos representantes políticos uma firme posição. Não é uma questão de censura do pensamento das minorias, é a preservação do respeito a pessoa humana com suas crenças, que eles estão tentando lentamente e abruptamente destruir.
Fonte: Pleno News