Quando os famosos 'pergaminhos do mar morto' foram descobertos em Qumran em 1947, diversas questões sobre Jesus foram levantadas. Tais pergaminhos foram escritos pelos Essênios, uma seita judaica muito reclusa cujos ensinamentos eram cercados de mistérios e frequentemente são associados ás escolas herméticas, ocultismo e até mesmo com os Rosa Cruzes. Nesse caso. seria Jesus na verdade um iniciado nas escolas de mistério? Teria ele pertencido a essa seita essênica? Analisemos algumas peculiaridades dessa seita distinta e vejamos se realmente existem similaridades entre os seus ensinamentos e os de Jesus.
Os essênios eram uma seita judaica que teve existência desde mais ou menos o ano 150 a.C. até o ano 70 d.C. Foram encontrados em Qumran jarros com manuscritos que continham documentos, revelações, leis, usos e costumes dessa comunidade. Segundo o historiador Flavio Josefo, os essênios eram uma ordem que haviam se afastado do Judaísmo tradicional e seus costumes se diferenciavam em vários aspectos. Eles eram simplesmente uma comunidade da época como tantas outras, e nada de esotérico ou oculto tinham em seus costumes e ensinamentos, tratando-se tais afirmações de meras lendas e mitos.
Mas então haveria mesmo similaridades entre a crença essênica e os ensinamentos de Jesus? J. Scott Julius em seu livro "Jewish backgrounds of the New Testament" (Perspectiva Judaica do Novo Testamento), traz uma abordagem crucial que lança por terra de vez essa questão. Segue abaixo um trecho traduzido do livro:
1. Os essênios eram monásticos, ascéticos e puritanos. Jesus comia carne, provavelmente bebia vinho (ou não era contrário que se bebesse), e se associava a prostitutas, publicanos e pecadores em geral.
2. Os essênios eram abertos apenas a homens adultos. Jesus aceitava em seu ministério também mulheres e crianças.
3. Os essênios rejeitavam todas as outras formas de judaísmo e não adoravam em templos ou sinagogas. Jesus ensinou seus discípulos que eles podiam ouvir os ensinamentos dos fariseus desde que não fossem hipócritas como eles, e freqüentemente ministrava e adorava no templo e nas sinagogas.
4. Os essênios eram tão aplicados na observância de costumes que se recusavam até a usar o banheiro aos sábados. Jesus Cristo se opunha a esse tipo de costume, chamando inclusive a atenção dos fariseus, curou no sábado, permitia que os discípulos colhessem grãos pra comer nos sábados.
5. Os essênios viviam reclusos enquanto Jesus andava por toda a parte e falava com todas as pessoas. Os essênios só eram aceitos após um árduo e longo processo de iniciação em que precisavam demonstrar piedade. Jesus aceitava qualquer pessoa que quisesse seguí-Lo e os chamava de discípulos.
6. Os essênios rejeitavam ser ungidos com óleo, Jesus permitiu que Maria Madalena o fizesse.
7. Os essênios baseavam a sua vida em viver pela moral, ética e a lei. Jesus enfatizava o viver pela fé.
8. Os essênios se organizavam numa hierarquia rígida. Jesus Cristo ensinou que o maior deve servir o menor, que os primeiros seriam últimos, que os últimos seriam primeiros.
9. Os essênios tinham um conceito muito elevado sobre si mesmos. Acreditavam que eram os únicos certos e que qualquer outro eram apóstatas e hereges. Jesus sempre primou pela mansidão e humildade a ponto de apesar de ser, não se considerou ser igual a Deus.
10. Tal qual os fariseus, os essênios desprezavam as pessoas comuns justamente por não considerá-las suficientemente piedosas e justas. E era justamente estas pessoas o alvo dos três anos de ministério de Cristo.
Fica óbvio que o que Jesus pregava era completamente contrário ás práticas do essênios. Ele na verdade veio justamente abolir tais práticas, assim como a dos Saduceus e Fariseus. Nem tão pouco aderiu á causa dos Zelotes (que esperavam que Jesus comandasse uma revolta com o fim de livrá-los da servidão de Roma). As similaridades que existem são apenas culturais, óbvio, pois todos eram judeus.
Só mesmo sendo muito cético pra não enxergar que o que Jesus apregoava em seus sermões era ÚNICO! Por isso muitos creram nEle, incluindo seus discípulos a tal ponto de sacrificarem suas próprias vidas. Com toda a certeza Jesus nunca foi um essênio, nem foi inciado em nenhuma escola de mistério. Ele era, é e sempre será o Cristo, Filho de Deus.

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